Restos de Colecção: OLIVA - Oficinas Metalúrgicas

19 de abril de 2013

OLIVA - Oficinas Metalúrgicas

Em S. João da Madeira, então, capital do chapéu em Portugal, e número três a nível mundial, era fundada em 28 de Abril de 1925 por António José Pinto de Oliveira a marca “OLIVA”, comercializada pela empresa “Indústrias A. J. Oliveira, Filhos & Cª. Lda”, que começou por dedicar-se à indústria de fundição, serralharia, serração e carpintaria mecânica.

 

Quatro anos depois ocupava uma área de 2.700 metros quadrados e empregava 20 trabalhadores, que produziam sobretudo alfaias agrícolas, forjas portáteis e material para a indústria chapeleira.

Nota: As fotos seguintes do complexo das fábricas da “OLIVA” são, na sua maioria, datadas de 1950.

  

                                                                                    Anúncio de 1958

                                               

 

Em 1934 chegavam à Oliva os fogões de cozinha, ferros de engomar, radiadores e tornos de bancada, e em 1948 era inaugurada a fábrica das máquinas de costura que lideraram o mercado nacional durante mais de 30 anos.

                                                                Fábrica de Máquinas de Costura “Oliva”

 

 

Cartazes de Fred Kradolfer

 

  

 Oliva.11

Nessa altura inicia-se também a produção de ferro fundido maleável, a que se segue o fabrico de tubos em 1945, de motores de explosão de pequena cilindrada em 1963 e de material para lavandaria em 1964.

Cinco anos mais tarde, a empresa passava a sociedade anónima – “Oliva, Indústrias Metalúrgicas SA” - e é adquirida pelo grupo norte-americano “ITT - International Telephone and Telegraph Corporation”.

A produção de componentes de torneiras, sómente para exportação, em “joint-venture” com a empresa alemã “Friederich Grohe’” também do grupo ITT, começava em 1972 e, no ano seguinte, a Oliva chegava aos 90.000 metros quadrados e 3.363 funcionários.

Fundição de banheiras e polibans

  

Fábrica de Tubos Galvanizados e “Pretos”

 

 

Oliva.43   

Depois de ter fabricado componentes para torneiras alemãs da marca “Frederich Grohe” é criada a marca de torneiras "Oliva", nos anos 80 para o mercado nacional, utilizando os modelos da marca alemã  (actualmente “Grohe”) sob licença, e junta-se a outras marcas de prestígio como "Zenite", de Lisboa e pertença do grupo Mello (esta desde os anos 90 pertença de António Saraiva, actual presidente da CIP), "Hei", de Valadares e também do grupo Mello  (extinta nos finais dos anos 90 e integrada na “Zenite”) e "JAS", de Leça da Palmeira, entre outras, dominando as quatro o mercado nacional no sector, durante muitos anos até á entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia

                                                                                              1944

Gravura 

                                                                                 Sector administrativo

 

                                                                              Grupos de geradores

                                                                                   Secção de Exposição

 

A “Oliva - Indústrias Metalúrgicas, S.A.” é nesta altura líder do mercado em tubos e acessórios em ferro galvanizado, e em ferro "preto", num mercado em que existiam também neste segmento de produto a “Ferpinta” eOliveira & Ferreirinha’” (OIF). Destes três fabricantes só um sobreviveu a “Ferpinta - Ind. Tubo Aço de F.P.T. S.A.” que se situa em Carregosa , Vale de Cambra.

Em 1985 regressava a accionistas portugueses, destacando-se João Cebola, que compra a “Oliva - Indústrias Metalúrgicas, S.A.” à multinacional ITT por 1 dólar, e sucedem-se diversas reformulações: nesse ano a empresa passa a chamar-se “Oliva Trade - Importação e Exportação Lda.”.

Com fundos estruturais do PEDIP I, a metalúrgica conclui em 1993 a modernização das fundições.

Feira Popular de Lisboa

                                Anúncio de 1967 onde eram referidos todos os produtos fabricados pela “OLIVA”

                                                     

Interior de dois stands

 

 

                                                                Stand na Feira Popular de Lisboa em 1952

 

Em 1995, a pujança começa a esbater-se, define-se um plano de viabilização e a empresa passa a chamar-se “Buciqueira”, gerida por uma sociedade de credores com o Estado a comandar. Ludgero Marques, dono da “Cifial” (fábrica de torneiras e ferragens de luxo, para portas, cujo mercado era quase exclusivamente de exportação) e então presidente da “AEP  Associação Empresarial de Portugal”, entra em cena em 1997, ao comprar a fábrica de torneiras da Oliva por 600 mil euros, com a contrapartida dessa produção sair da metalúrgica. A marca de torneiras “Oliva” desaparece e é substituída pela sua “Cifial”.

                                                                            Loja da “Oliva” em Évora

                                

Em 2004, e após mais um processo de insolvência, o grupo Suberus, com investimentos na cortiça e imobiliário, compra a Oliva por 1,5 milhões de euros, seis anos depois de ter adquirido a fábrica de tubos metálicos da Oliva por 360 mil euros. A empresa surge como “Novolivacast’” e a administração avança com capital e estratégias como o reforço no mercado externo, reajuste nos equipamentos e a redução de trabalhadores. Cinco anos depois, em Agosto do ano passado, a administração da Oliva, nas mãos da Suberus, pede a insolvência para "garantir a sua viabilidade económica". Em Maio, tinha já recorrido ao lay-off que atingiu 178 dos 198 trabalhadores.

Encerra definitivamente em 15 de Abril de 2010, tendo sido declarada a sua insolvência.

Em 2009, a Câmara Municipal de São João da Madeira adquiriu parte das instalações da antiga metalúrgica Oliva, um dos símbolos industriais da cidade. Para este local, foi recentemente aprovado financiamento para um projecto de 9,2 milhões de euros que, em conjunto com a Casa das Artes e da Criatividade (já em construção), pretende revolucionar culturalmente a cidade nos próximos anos. Irá ser instalado no espaço um Centro de Arte Contemporânea, para o qual a autarquia já dispõe de uma colecção privada, recentemente doada, de mais de 1000 obras de autores reconhecidos como Júlio Pomar, Paula Rego, Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes.

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Digital

9 comentários:

NC disse...

Um acabado exemplo do extertor da indústria nacional...

Anónimo disse...

Eu na decada de 60 trabalhei muitos anos numa máquina de costura da serie L 45 e nunca mais vi material com tanta resistência a trabalhos com muita espessura elas passavam sempre sem partir agulhas não conheciam obstáculos,tenho uma mas perdi a bobine e não sei onde arranjar uma vou
deixar o meu mail caso me possam ajudar.

e-mail msilva2009@sapo.pt

Aida Tavares disse...

Não sei onde mora. Em Coimbra, numa das ruas com habitações paralelas ao Portugal dos Pequenitos ainda há uma casa que arranja máquinas de costura Oliva. Talvez tenham.
Também no Largo da Portagem há uma casa de pequenos electrodomésticos que consertam máquinas Oliva. É outra hipótese.
Espero que consiga o que perdeu. Julgo que, por aqui, conseguirá.
Também tenho uma Oliva há 46 anos, sempre a trabalhar. Nunca me desencantou. Estimei-a sempre muito,como um produto nacional que se não quer perder.
Por solidariedade, os meus cumprimentos.

Domingos Teixeira disse...

Estou a restaurar dois tornos Oliva n.2 e 3 e gostava de perguntar que cor tinham as letras Oliva?

José Leite disse...

As cores das letras eram dourado claro.

Domingos Teixeira disse...

E o círculo em volta também?

José Leite disse...

Tudo que é impresso na máquina é na cor dourado claro. Incluindo o círculo.
Se fizer uma busca no Google por máquina de costura Oliva, poderá comprovar pelos exemplos que lhe aparecerem.

Gelu disse...

É possível saber, por favor, quais os arquitetos dos edifícios representados nas fotos no. 2, 3 e 4?
Obrigado

José Leite disse...

Bom dia,
Não consigo informá-la.
Cumprimentos