Restos de Colecção: Casa de Fados “A Cesária”

22 de maio de 2016

Casa de Fados “A Cesária”

O restaurante e casa de fados Casa “A Cesária” situada na rua Gilberto Rola, em Alcântara, teve origem numa tasca existente no século XIX, onde terá cantado pela última vez, em 1877, a célebre fadista Maria Cesaria.

Casa “A Cesária”

 

Acerca da fadista Cesaria, gravura e excerto do livro “Historia do Fado” de Pinto de Carvalho (Tinop), em 1903

Capa e contra-capa da partitura do “Fado da Cesaria”

 

Já no século XX , como possuía dois andares, no rés-do-chão funcionava uma casa típica, que se denominava Casa “A Cesária”, onde se comiam petiscos e se ouvia cantar o fado, funcionando no primeiro andar uma casa de prostituição por onde se entrava por uma porta independente.

Painéis em azulejo da frontaria do edifício da Casa “A Cesária”

  

Com a proibição das casas de prostituição, o seu proprietário Mário Lopes de Oliveira, possuindo alvará de bar consegue licença para ampliar o estabelecimento. O primeiro andar é aberto, ficando com uma varanda com visão para a sala de baixo, que passou a ser o “Pateo das Cantigas”. Era uma casa castiça quer pela construção quer pela sua decoração, dando a sensação de se estar num pátio lisboeta, passando a exibir sessões de Fado diariamente, tendo a lotação esgotada até de madrugada, praticamente sempre.

O fadista Carlos Duarte na Casa “A Cesária”

  

Nos anos sessenta do século XX, passaram pela " A Cesária", quase todos os fadistas da época com principal destaque para Carlos Duarte (filho de Alfredo Marceneiro), que lá ia até à meia-noite, diariamente, cantar o fado, pois no dia seguinte tinha de ir trabalhar, já que não era profissional do fado. A partir de 1967, e após a morte de Carlos Duarte em 1966, Mário de Oliveira contrata Valdemar Duarte, filho de Carlos Duarte, para gerente artístico e fadista desta casa, cargo que viria a abandonar mais tarde.

  

Capa de “LP”

“A Cesária” encerraria definitivamente em 1988. De referir que mesmo ao lado funciona, desde 1963, a casa de fados “O Timpanas” - nome do bolieiro do filme “A Severa” - que em 1970 foi adquirido pelos irmãos Júlio Costa e Carlos Costa do, “Trio Odemira”, que na altura tinham adquirido, também, ao Grupo CUF o restaurante de luxo “Varanda do Chanceler”. Ambos viriam a ser vendidos em 1978, com o último a encerrar definitivamente pouco tempo depois.

Casa de fados “O Timpanas”, com o edifício da antiga Casa “A Cesária” em reconstrução e capa de partitura da canção

Timpanas Timpanas.1

O edifício actualmente, albergando o restaurante “Painel Grill”

fotos in: Arquivo Municipal de LisboaDelcampe.net, Lisboa no Guiness, Museu do Fado

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