Restos de Colecção: Hipódromo da Quinta da Marinha

30 de agosto de 2013

Hipódromo da Quinta da Marinha

A história da “Quinta da Marinha” remonta aos finas do século XIX. Contudo a filosofia que acompanha os passos do tempo que ainda hoje a norteia, inicia-se nos anos 20 do século XX, com a compra do “Pinhal Moser” conhecido pela “Marinha”, a Henrique Jorge de Moser, 2º Conde de Moser por Carlos Montez Champalimaud, médico-cirurgião e empresário.

                                 Pavilhão do Conde de Moser, na “Marinha”                                 Carlos Champalimaud (1877-1937)

           

Já nos dias 2, 4 e 6 de Outubro de 1921, se ensaia a primeira prova de corridas de cavalos, organizada pela “Sociedade Hípica Portugueza” no, “Pinhal Moser”, conforme notícia nas seguintes páginas da revista “Ilustração Portugueza” de 8 de Outubro de 1921.

1921 Illustração.1

Carlos Montez Champalimaud antevendo o elevado potencial urbanístico daquela “Marinha”, então território inóspito, arenoso e quase desértico, celebrou com a Câmara Municipal de Cascais um contrato de urbanização da “Marinha”, elaborou os respectivos projectos em colaboração com os arquitectos ingleses Cackett & Burns de Newcastle - Inglaterra e deu início, em 1922, à difícil e árdua tarefa de fixar as areias e plantar a floresta. Nasce o “Parque da Marinha” futura “Quinta da Marinha”.

Entretanto, em 7 e 14 de Outubro de 1922, realizar-se-iam novas provas conforme notícia seguinte na revista “Ilustração Portuguesa”.

Lembro que, até então, as corridas de cavalos na região de Lisboa se realizavam no “Hipódromo de Belém”, cuja história poderá ficar a conhecer acedendo ao seguinte link neste blog: Hipódromo de Belém”. Já as provas de saltos de cavalo realizavam-se no Velódromo da Palhavã”.

“Hipódromo de Belém”

 

Acerca da prova hípica ocorrida em 2 de Outubro de 1927, a que as fotos seguintes se referem, o ”Diário de Lisboa” referia:

“É amanhã que, no vasto e lindo campo da «Marinha» se realizam as primeiras corridas de cavalos, a que nos temos referido, e que tanto interesse estão despertando entre os numerosos amadores deste elegante género de spot. Para as corridas de amanhã estão inscritos os nossos melhores cavalos, alguns que se apresentam pela primeira vez em pista, montados pelos nossos mais distintos cavaleiros e «jockeys» profissionais tanto nacionais como estrangeiros.”

A presença do Chefe de Estado General Óscar Carmona

 

                      Contra-capa do “Domingo Ilustrado”                                              Página da revista “Ilustração”

 

Tiveram lugar cinco corridas, e a "Sociedade Estoril" organizou um serviço especial de comboios, tendo assegurado o transporte dos passageiros entre a estação e o hipódromo.

Apenas por mera curiosidade, aqui ficam os nomes dos cavalos considerados favoritos: “Violeta”, “Flor de Maio”, “Izabro”, “Tzatu”, “Rugby”, “Abasia”, “Fleur d'Avril”, “Marquis”, “Ferrão”, “Lamartine”, “Pompotte”, e “Babonna”. Os prémios pecuniários atingiram o valor de 8.000$00 (oito mil escudos).

 

 

Recordo que, no mesmo dia 2 de Outubro de 1927, realizava-se no “Sporting Club de Cascais” as finais do 1º Torneio de «lawn-tennis» entre Portugal e Espanha, e em que Portugal foi «cilindrado». Para mais pormenores da prova, como do Sporting Club, consultar o link: “Sporting Club de Cascais

 

 

O aparecimento de corridas de trote atrelado - «harness racing» -  na década de 50 do século XX daria origem à construção das primeiras «boxes», e uma década depois apareceriam as primeiras provas de saltos de obstáculos, um circuito de «cross country» e, claro, mais «boxes» e infra-estruturas necessárias, devido a diversificação de actividades e o aumento da afluência de público.

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital, Centro Hípico Quinta da Marinha, GeneAll

2 comentários:

João Menéres disse...

Não resisti e vim abrie o seu blogue !
Interessantíssimo e rico de imagens preciosas !
Menos de cem anos decorridos e o tal terreno inóspito é actualmente a ZONA CHIQUE !
Como disse Mark Twain, A terra é a única coisa que não se fabrica mais.

Um abraço.

José Leite disse...

Caro João Menéres

Grato pela sua visita.

Quanto à Quinta da Marinha ... "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», e os negócios ... :)

Um abraço

José Leite