Restos de Colecção: Monte Palace Hotel na Madeira

5 de outubro de 2012

Monte Palace Hotel na Madeira

No séc. XVIII, o cônsul inglês, Charles Murray, comprou uma propriedade a sul da igreja do "Monte” na Ilha da Madeira, e transformou-a numa belíssima quinta, então chamada “Quinta do Prazer”. Era comum nos fins do séc. XIX, algumas da famílias mais prósperas da Madeira habitarem em belas quintas situadas nos arredores do Funchal.

Em 1897, Alfredo Guilherme Rodrigues, adquiriu esta quinta. Este comerciante como seus irmãos, tinha o seu estabelecimento no Funchal, no Largo do Chafariz, com o nome de «Casa Portugueza».

                                                                            "Casa Portugueza"

                                 

O «Feiticeiro do Norte» nos seus versos «A Cidade do Funchal», faz referência, no seu estilo muito peculiar, ao estabelecimento de Alfredo Guilherme Rodrigues, nestes termos:

«(…)
O primeiro negociante
Que é um homem muito feliz,
Tem a sua casa em frente do Largo do Chafariz.
O nome deste senhor
Deste nobre cidadão, está escrito em sua casa
Num renque de guarnição
Sabemos na nossa ilha,
Sabem todos em geral,
Que é a «Casa Portugueza»
A «Grandella» do Funchal.
(…)»

Alfredo Guilherme Rodrigues adquire na freguesia de Nossa Senhora do Monte, a «Quinta Prazer» e inicia nos princípios deste século a construção da sua residência. Inspirado nos belos castelos franceses, Alfredo Guilherme transporta para a freguesia do Monte os seus traços arquitectónicos, após a visita à Exposição Internacional de Paris em 1900. Edifício demasiado grande para residência, e a braços com algumas dificuldades financeiras, acaba por transformá-lo num hotel de luxo.

Este hotel era frequentado por pessoas importantes, nacionais e estrangeiras, que apreciavam e gozavam este maravilhoso recanto com a sua esplendorosa vista sobre o Funchal e toda a paisagem natural que o circundava.

                            

                              

                 

 

                             

 

No livro de Manuel Ferreira Pio, «O Monte — Santuário votivo da Madeira: retalhos históricos», é descrito este hotel da seguinte maneira:

«(...) Tinha um magnífico parque com área aproximada de quinze hectares, alamedas, jardins, nascentes de água, um lago com quedas de água, repuxos «water chut», botes, jogando-se ali ténis (..) e outras distracções e divertimentos. (...) diversas salas de jantar, de fumar e restaurante, (...) câmara escura para fotografia e ainda artigos da indústria madeirense para venda, completavam o recheio do hotel.

«Naquele hotel afamado há meio século, trabalhavam algumas pessoas do Monte, algumas delas ainda vivas que recordam com saudade aqueles tempos.»

O principal meio de transporte para o lugar do Monte e por consequência para o "Monte Palace Hotel" era o "Comboio do Monte" e no regresso também os "carreiros".

Em 1891 foi aprovado o projecto do "Comboio do Monte". O primeiro troço, entre o Pombal e a Levada de Santa Luzia, foi  inaugurado em 16 de Julho de 1893. A 5 de Agosto de 1894 era inaugurado o troço entre Pombal e o Atalhinho na freguesia do Monte. A partir de 24 de Junho de 1912 a zona expandiu-se do Pombal até ao Terreiro da Luta. Devido ao desastre ocorrido em 10 de Setembro de 1919, a linha foi suspensa até Fevereiro de 1920. Viria a ser vendida o desbarato e descativada anos depois.
 
                                                         Linha férrea do Funchal para o Monte em 1898

                             

                             

                                                                       Estação do Monte em 1898

       

                                                                                      «Carreiro»

                                

Lembro que a profissão de "carreiro" é única no mundo e existente somente na Madeira e que ainda é utilizada nos dias de hoje apenas para turismo.

Em 1942, Alfredo Guilherme Rodrigues, faleceu, e a sua família não deu seguimento ao seu projecto, o que originou o encerramento do hotel, tendo, entretanto, passado para as mãos da instituição financeira “Caixa Económica do Funchal”, deixando-o ao abandono.

                                                

Em 1987, aquela instituição financeira vendeu a propriedade ao empresário José Manuel Rodrigues Berardo (Jo Berardo), que, por sua vez, a doou à Fundação que ele próprio fundou e à qual ele deu o seu nome. Depois de entregue o trabalho de recuperação dos edifícios a José Manuel Carvalho e Mário Rodrigues, e o trabalho de recuperação dos jardins a José Eleitério Soares, nasceu o "Jardim Tropical Monte Palace" (“Monte Palace Tropical Garden”).

                                                

 

                                  

A sua inauguração teve lugar a 5 de Outubro de 1991.

fotos in: Imagens do Funchal, Delcampe.net, Monte Palace Tropical Garden

2 comentários:

legião 1143 disse...

Este é o primeiro blogue que consulto sempre que vou à rede , o novo visual está bem conseguido ,com aspecto mais arrumado e limpo para a vista , parabéns pelo extraordinário trabalho e por manter viva a chama da memoria .

José Leite disse...

Caro Legião 1143

Não creio que a formatação anterior deste blogue estivesse menos arrumada e limpa que esta ...

O novo visual apenas está dentro dos parâmetros actuais do "Blogger".

De qualquer modo muito grato pelo seu comentário e pelas suas amáveis palavras.

Os meus cumprimentos

José Leite