Restos de Colecção: julho 2012

31 de julho de 2012

Antigamente (43)

                                                                 Baía e antigo Porto do Funchal

                                     

        I Circuito do Parque Eduardo VII em 1934                                    Os três primeiros classificados

 

                                                           Posto da Polícia de Viação e Trânsito

                                      

   Impressos para Ementas de restaurantes oferecidos pelos Vinhos de Colares em 1942, e pela Água de Vidago

                                                        Aeroporto do Mavalane em Lourenço Marques

                                  

fotos in: Os Heróis, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional de Portugal, The Delagoa Bay World

30 de julho de 2012

Palacete Silva Graça

Em 1907, na Av. Fontes Pereira de Melo com a Rua Latino Coelho, em Lisboa, é concluída a construção do palacete de José Joaquim da Silva Graça, proprietário e director do jornal “O Século” até 1921, para sua habitação particular, tendo sido projectada pelo arquitecto Miguel Ventura Terra.

                                                      Palacete Silva Graça e Avenida Fontes Pereira de Melo

                                 

                                                               José Joaquim da Silva Graça (1853-1931)

                                                                             

         

Nos finais de do século XIX, em virtude de mudanças ocorridas na propriedade da empresa “O Século” e de algumas divergências com os seus consócios, José Joaquim da Silva Graça.já então exercendo funções de administrador, tornou-se o sócio maioritário, sucedendo a Magalhães Lima na respectiva direcção.

O novo director, adoptando uma estratégia de comunicação, direccionada aos mais diversos tipos de público, soube interagir sobre eles para ganhar, por um lado, a sua adesão à causa republicana, por outro, a aceitação e expansão do jornal. Introduzindo processos de atracção e de penetração até então desconhecidos em Portugal, como a organização de uma impressionante rede de correspondentes, pela sua abrangência e rapidez de expansão, Silva Graça transformou o diário, em poucos anos, num empreendimento comercial vigoroso, dando azo a novos investimentos e, consequentemente, ao aparecimento de novos suplementos ( “Humorístico”, “Modas e Bordados”, “Brasil e Colónias” ), edições especiais (publicações de folhetins, “Século da Noite” ) e outras publicações ( “Almanaque d' O Século”, “Século Cómico”, “Ilustração Portuguesa”, “Os Sports”, “Século Agrícola” ). Afastou-se em 1922 por desentendimentos com o seu filho e com a “Companhia Portugal e Colónias” que viria a controlar esta empresa.

Foi viver de seguida para Hyeres, arredores de Paris, onde viria a morrer em 5 de Maio de 1931 com 72 anos de idade.

         

                                       

         

Por curiosidade os fornecedores de bens e serviços para este palacete foram: Construção: Construtora do Porto ; Aquecimento: Casa Geneste & Herscher de Paris ; Cantarias: Pardal Monteiro ; Estuques e pinturas: Cruz & Franco ; Ferragens: Casa Gamier de Paris ; Instalações eléctricas e telefónicas: M. Herrmann e Júlio Gomes Ferreira & Cª ; Persianas: Casa Jaquemet Mesnet & Cie de Paris ; Serralharia: Jacob Lopes da Silva.

                                                                    Publicidade de dois fornecedores, em 1909

           

        

                                                          

         

Em 1919, José Rugeroni, genro de Silva Graça, adquiriu o palacete. Em 1931, decidiu converter o palacete, com o jardim e respectivos anexos, num hotel de luxo, radicalmente transformado, segundo orientação do seu proprietário, com a colaboração do arquitecto Vasco Regaleira e inaugurado, em 24 de Outubro de 1933, com a designação de “Aviz Hotel”

                                       Aspecto do Palacete Silva Graça depois de transformado em “Aviz Hotel”

                                       

Este hotel viria e encerrar e a ser demolido em 1962, assim como o seu jardim envolvente. No seu lugar foram construídos o “Edifício Aviz’”, onde se encontra, hoje, instalada a loja da emblemática, "Antiga Casa José Alexandre" e o “Hotel Sheraton”, ambos projectos do arquitecto Fernando Silva.

                                                Edifício «Aviz», 1967                            Hotel «Sheraton», 1972

                                 

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

29 de julho de 2012

Nota aos leitores

Com o intuito de facilitar um mais rápido conhecimento e acesso dos artigos publicados (posts) neste blogue, elaborei uma página que inclui uma listagem alfabética separada por temas (etiquetas), de seu nome "Lista Alfabética Temática do Blogue" .

Esta página como, as restantes, encontra-se na barra lateral na secção "Dados Históricos". Informo que apesar de estarem mencionados quase todos os artigos publicados, não estão na sua totalidade pelo que para uma busca mais aturada aconselho recorrerem à "Lista Alfabética dos … Posts do Blogue".

Os meus agradecimentos.

27 de julho de 2012

ETP - Estúdio Técnico de Publicidade

Na primeira metade do século XX em Portugal, o cartaz era o principal veículo publicitário. Estes eram esculpidos ou moldados nas pedras e chapas litogràficas e depois impressos numa prensa. Muitos artistas encontravam na publicidade uma fonte extra de rendimento. por esta razão as agências de publicidade recorriam a pintores e escultores para o desenho dos cartazes.

Quatro empresas importantes do início do século XX nesta área foram: A "Lithografia de Portugal", fundada em 1893 em Lisboa; a "Litografia Nacional", fundada em 1894 no Porto; a "ETP - Empreza Tècnica de Publicidade" fundada em 1910 no Porto por Raul Caldevilla e que foi a introdutora em Portugal de cartazes impressos de grande formato para publicidade exterior; e a "Empreza Gráfica do Bolhão" fundada também no Porto.

                                                                 Cartaz de 1921 da "Lithografia Portugal"

                             Cartaz de 1920 da "Litografia Nacional" e anúncio alusivo ao cinquentenário da mesma

                

                               Cartaz de 1916 da "ETP"                          Cartaz de 1920 da "Empreza Grafica do Bolhão"

                     

                                                                                      

Em 1933, é criado o "Secretariado de Propaganda Nacional (SPN)" sob a direcção de António Ferro. Este recruta vários dos melhores artistas modernos e, juntos, modernizam a informação relativa ao turismo e elevam o gosto português com surpreendentes participações nas exposições internacionais de Paris em 1937, e na de Nova Iorque em 1939, impulsionando a área da publicidade.

As campanhas publicitárias multiplicaram-se, não descurando a autorização do Estado, e produtos como o vinho, a fruta e as conservas de peixe começaram a ser anunciados ajudando na protecção da agricultura e da pesca. Também passou a ser publicitado e incentivado à compra de produtos nacionais, para apoio à indústria, e o cuidado com higiene, para precaver as doenças, bem como a praia como local de terapia e de lazer.  

                                       1936                                         1937                                             1944            

                     

                                                                                              1938

         

                                           1947                                            1952                                          1955                     

                    

O "ETP - Estúdio Técnico de Publicidade"  foi fundado em 1936 pelo designer José Rocha, contando com a colaboração dos artistas gráficos Fred Kradolfer,  Maria Keil, Bernardo Marques, Ofélia Marques, Carlos Botelho, Thomaz de Mello, Emérico Nunes, Stuart Carvalhais, Carlos Rocha, José Feio, Paulo Ferreira, Jorge Matos Chaves, Carlos Ribeiro, Carlos Rafael, Eduardo Anahory.

Além de campanhas publicitárias para empresas privadas, esta empresa foi responsável pelos pavilhões de Portugal, na Exposição Internacional de Paris de 1937 (com o arquitecto Francisco Keil do Amaral), na Exposição Internacional de São Francisco e de Nova Iorque em 1939, (com o arquitecto Jorge Segurado). Este grupo integrou ainda também as equipas da Exposição do Mundo Português, em 1940, da Exposição História Colonial e da Exposição Mundial de Bruxelas, em 1958.

                 Thomaz de Mello, Fred Kradolfer, Emmérico Nunes, Bernardo Marques, Carlos Botelho e José Rocha

                                       

António Ferro, pelo "SNI - Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo" (desde 1945), apoia incessantemente as artes gráficas, estimulando o desenvolvimento de vários modernistas, que trabalham tanto para o Estado como para publicidade comercial. As ruas passam a apresentar-se cheias de cores e formas e em 1942, o "ETP", pela mão de José Rocha e Fred Kradolfer, utiliza os tapumes das obras, enchendo-os com cartazes pintados e em relevo iluminado.

                              Obras de ampliação da “Pompadour”  da Rua Augusta, com cartazes de José Rocha

                                 

                      Loja “Armazéns Reunidos, Lda.”, na Rua Primeiro de Dezembro, com cartazes de Fred Kradolfer

                                  

                                          Loja do “Diário de Notícias”, no Rossio com cartazes de Fred Kradolfer

                                  

Carlos Rocha, com 29 anos de idade, sobrinho de José Rocha, funda em 1972 a "Letra - Estúdio Técnico de Comunicação Visual". Em 1982 José Rocha e Carlos Rocha fundem os ateliers "ETP" e "Letra" passando a designar-se a nova empresa por "Letra - ETP". Carlos Rocha faleceria no mesmo ano de 1982.

A seguir fotos de uma exposição no "Teatro da Trindade" em 1938, com cartazes da "ETP" da autoria de Fred Kradolfer e José Rocha. Lembro que foi neste ano que este Teatro foi equipado com um moderno sistema de projecção de cinema, tornando-o também numa sala de cinema.

                                      Salão de Exposição (nota acerca do automóvel exposto no final do artigo)

                                 

                                                                         Cartazes de Fred Kradolfer

               

               

                                                                            Cartazes de José Rocha

               

Já agora, e por curiosidade, como se pode observar na foto anterior do salão de exposição, estava exposto também um automóvel britânico «LLoyd» 350 . Anunciava um consumo de 5,5 lts/100 Kms. e era equipado com motor de 2 cilindros «Villiers» com 347cc montado na traseira e com transmissão à roda traseira através de uma correia. Tinha suspensão independente às quatro rodas e era capaz de atingir a velocidade máxima de 80 Km/h. A produção deste automóvel iniciada em 1936 foi interrompida durante a II Guerra Mundial e foi retomada em 1946 mas já com um motor de 654 cc.

                                  

Outra área de intervenção da "ETP" era nos panos de cena publicitários dos teatros e cinemas de Lisboa.

                 

Em 1975 comemoraram-se os 300 anos do cartaz em Portugal, tendo sido editado um cartaz pela Tipografia "Casa Portuguesa" alusivo à efeméride.

                                              

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional de Portugal, Ephemera