Restos de Colecção: agosto 2011

30 de agosto de 2011

Antigos Aviões Militares (8)

                                                                         Junkers A 50 Junior, de 1931

                                            

                                                                             Caproni Farfalla, de 1934

                                            

                                                                               Avro 626, de 1936

                                            

                                                                        Miles Master Mk II, de 1941

                                             

Fotos in: Ex-Ogma, FAP

A "FAP - Força Aérea Portuguesa" só foi criada em 27 de Junho de 1952, pelo que para informação mais completa aqui ficam os seguintes dados:

Até 27 de Junho de 1952, o ramo aéreo das forças armadas portuguesas estava dividido em dois ramos:

Aeronáutica do Exército

1914 - 1918: Serviço Aeronáutico Militar
1918 - 1924: Serviço da Aeronáutica Militar
1924 - 1952: Arma de Aeronáutica Militar

Aeronáutica Naval

1917 - 1918: Serviço de Aviação da Armada
1918 - 1931: Serviços da Aeronáutica Naval
1931 - 1952: Forças Aéreas da Armada
1952 - Força Aérea Portuguesa (fusão das Forças Aéreas da Armada e da Arma de Aeronáutica Militar)

27 de agosto de 2011

Faróis Portugueses (1)

Farol - «Estrutura elevada e bem visível no topo da qual se coloca uma luz que serve de ajuda à navegação. Um farol consta essencialmente do edifício, da origem luminosa e do aparelho óptico. São colocados nas costas, ilhas, baixios, etc.,e algumas vezes montados em barcos especiais surtos, de modo a constituírem uma marca bem visível no mar. Caracterizam um farol a cor, carácter, o período e fases, intensidade luminosa e o seu alcance. De dia, a forma e cor do edifício do farol servem de reconhecimento, e de noite, as características da luz. Serve de orientação ao navegantes, de noite pela luz, e de dia, pelo corpo do edifício»  in:   Dicionário Ilustrado da Marinha, do comandante António Marques Esparteiro

Para a publicação de uma série de cinco posts acerca da história do Farol em Portugal (na qual incluí uma selecção de faróis de Portugal Continental e alguns da Ilhas da Madeira e Açores), e que publicarei com periodicidade semanal, recorri, também, às infografias de grande qualidade, de Carlos Esteves e Jaime Figueiredo que foram disponibilizadas pelo site “Expresso Online”. Este trabalho poderá ser admirado, na sua plenitude, clicando no link que indico no final deste post e dos seguintes.

Funcionamento de um farol

Lentes Fresnel

 

Já na antiguidade clássica as embocaduras dos portos, os locais perigosos e os pontos que poderiam servir de referência à navegação eram referenciados à noite por fogos acesos em pontos altos ou em torres construídas para esse fim. Exemplo disso foi o Farol de Alexandria, construído na ilha de Pharos (uma ilha, hoje uma península, situada na baía da cidade egípcia de Alexandria e ligada por mar ao porto desta) para servir como um marco de entrada para o porto e posteriormente, como um farol.

Farol de Alexandria

A primeira revolução neste sistema de alerta e sinalização dá-se no século XVIII, com o  uso de luzes múltiplas alimentadas a azeite e de reflectores parabólicos para intensificar o feixe de luz. Um mecanismo de relojoaria associado, permitia ir rodando regularmente a luz.

Nos finais do século XIX, passou-se ao uso da incandescência a vapor de petróleo e por sistemas ópticos mais sofisticados, como os desenhados pelo físico francês Augustin Fresnel. Aos poucos a energia eléctrica foi-se afirmando como fonte de energia aos faróis.

Barco-Farol “Welwick” atracado no porto de Cardiff no País de Gales

«Passando o Promontório Bárbaro (cabo Espichel) para o litoral Tejo, vemos, ao poente, avançando para o oceano, o Promontório da Lua (cabo da Roca)onde começava o domínio dos antigos Túrdulos (…)
Mais para dentro, a pequena distância, no extremo da abertura do estuário de Lisboa, assenta sobre cachopos uma ermida, dedicada a Nossa Senhora, chamada da Guia.à noite, acendem aliu ns fachos para indicarem o trajecto aos mareantes, não seja caso que estes, por não lobrigarem a passagem, arremessem, contra vontade, as naus para os baixios e rochedos»

Damião de Gois, “Lisboa Quinhentista” (1554)

As primeiras referências ao uso de fogueiras mantidas em pontos conspícuos ou em torres pelas comunidades piscatórias para referência dos navegantes e, mais tarde, pelas irmandades religiosas, remontam ao início do século XVI. A mais antiga referência histórica a faróis portugueses data de cerca de 1515 e fala de um farol instalado no convento do Cabo de São Vicente, antecessor do que lá existe actualmente.

A primeira estrutura classificável como farol, terá sido mandado erigir em 1528 na foz do Rio Douro pelo Bispo D. Miguel da Silva, em S. Miguel o Anjo, junto ao local onde, até ao ano de 2008, se encontrou em funcionamento o farolim da Cantareira. Existem também referências a um farol mandado erguer pelo Bispo do Algarve, D. Fernando Coutinho, no convento de S. Vicente, entre 1515 e 1520, e que em 1537, os frades da Irmandade de Nossa Senhora da Guia de Cascais terão construído uma torre para servir de farol.

Até ao reinado de D.José I a sinalização marítima era quase inexistente e a que havia estava a cargo de particulares, que acendiam fogos nos pontos mais altos ou visíveis servindo de aviso e orientação, ou então, com intuito de assaltarem os mais incautos, faziam-nos esmagar contra as falésias ou baixíos. Contudo, só em 1 de Fevereiro de 1758 por alvará do Marquês de Pombal, passou o serviço de farolagem a ser uma organização oficial, cometida à Junta do Comércio, na sequência do qual foi ordenada a construção de faróis, dos quais o primeiro foi o de Nossa Senhora da Luz em 1761 .

«Eu El-Rei faço saber aos que este alvará com força de Lei virem que o grande perigo que correm os navios que buscam a barra de Lisboa e de Setúbal, portos do Algarve e barras da cidade do Porto e vila de Viana (…) servir os navegantes de marca e guia para se desviarem oportunamente de fazerem naufrágio da mesma forma que se pratica útil e necessáriamente nos outros lugares marítimos da Europa».

O primeiro farol na costa portuguesa a entrar em funcionamento foi o farol de Nossa Senhora da Luz, a norte da barra do Douro, no Monte da Luz e construído em 1761. Foi desactivado em 1945.

 
foto in: Navios à Vista

       Farol de Nossa Senhora da Luz, no séc. XIX          Farol e estação Semaphorica e Telegraphica no Monte da Luz

      
fotos  in:
Do Porto e Não Só

Posteriormente a este entram em funcionamento, até 1790, os faróis da Guia (1761) do cabo da Roca (1772), de São Julião da Barra (1775), do Bugio (1775), do Outão (1775) e do Cabo Espichel  (1790).

Farol da Guia (1761)

Por sua posição privilegiada em Cascais, entrada do porto de Lisboa, a região sempre foi importante para navegação. Por isso, desde 1523, que este ponto da costa portuguesa foi iluminado pela, então, ermida de Nossa Senhora da Guia, construída em terras doadas por Dom Luiz de Castro, senhor de Cascais e, onde em 1537, a irmandade local ergueu uma torre onde se acendia um conjunto de quatro ou cinco luzes de azeite que se via a grande distância para ajudar os navegantes. Esta luz era mantida pela irmandade, que fornecia o azeite e vidraças da lanterna, mantendo-a acesa durante cerca de oito meses do ano.

Com o terramoto de 1755, a torre foi muito danificada, obrigando a grandes obras de reconstrução e à substituição do equipamento. Entretanto, para iluminar diversos pontos da costa portuguesa ainda às escuras, é organizado pelo Marquês de Pombal e atribuído à junta de Comércio, o Serviço de Faróis no alvará de 1 de Fevereiro de 1758, que manda construir seis faróis na nossa costa, sendo o Farol da Guia um destes faróis.

                       Farol da Guia no início do século XX …                                            …. e actualmente          

  

«De muito longe avistaram o farol que está na Guia…»  Romance popular do século XVII

Farol do Cabo da Roca (1772)

                             Farol do cabo da Roca em 1930 …                                               … e actualmente

 

O poeta Luís Vaz de Camões descreveu este cabo na seguinte estrofe XX, do Canto III de “Os Lusíadas”

«Eis aqui, quase cume da cabeça
Da Europa toda, o Reino lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa
E onde Febo repousa no Oceano.
Este quis o céu justo que floresça
Nas armas contra o torpe Mauritano,
Deitando-se de si fora; e lá na ardente
África estar quieto o não consente.»

"Aqui … Onde a terra se acaba e o mar começa …" . Esta frase está lapidada no suporte à cruz situada no cabo.

Selo dos CTT, 2008

«Não é sem uma forte impressão que se sobe a esse mirante extremo da Europa, ali onde 'a terra acaba e o mar começa'.»   Raúl Proença in: “Guia de Portugal”.

Farol de São Julião da Barra (1775)

O Farol de São Julião da Barra está instalado na fortaleza, cuja construção foi iniciada em 1553, no então designado Forte de São Gião, nome que se dava a São Julião, venerado numa ermida vizinha. mas …  « o nomeado farol caiu com o terramoto ».

Vinte anos mais tarde o marquês de Pombal manda erguer, depois do sismo, o farol de São Julião da Barra. Entrou em funcionamento em 1761, com uma fonte luminosa alimentada a azeite, protegida por uma lanterna em pedra com vãos para passagem da luz. Sofreu uma modernização em 1775 onde foi instalado um aparelho de candeeiros de Argand com reflectores parabólicos, sendo em 1848 e 1865 novamente modernizado, tendo sido nesta última data instalado um aparelho lenticular de Fresnel de 4ª ordem, produzindo luz branca fixa, alimentada a gás destilado de madeira.

A iluminação, em 1885, passou a ser obtida pela incandescência de gás obtido do petróleo. O farol voltou a sofrer novas reparações em 1893 e 1913, sendo-lhe instalado um sinal sonoro de trompa em 1916, mas logo em Março desse ano e até Dezembro de 1918, esteve apagado em virtude da Primeira Guerra Mundial. Por motivo da resolução da Conferência de Balizagem realizada em Lisboa, em 1933, que bania as luzes fixas das balizagens marginando cidades ou povoações importantes, a luz do farol, que era branca fixa, passou a vermelha de ocultações, sendo o mesmo electrificado, por ligação à rede pública de energia e o sinal sonoro substituído por uma sereia electrodinâmica.

          Farol de São Julião da Barra, numa litografia de 1860 …                            …. e actualmente

 

«Tem esta fortaleza um farol em cima de uma altíssima torre que se levanta no meio da praça, o qual se acendia de noite para guia das embarcações, do 1º de Outubro até aos fins de Março, e em tudo o mais é um dos mais fortes e bem obrado que se pode ver em toda a Europa, como afirmam muitos escritores…».   Padre Matias Matos Cardoso in: “Memória” (pároco local)

Farol do Bugio implantado no Forte de São Lourenço do Bugio, ou da Cabeça Seca (1775)

  • 1693 - Existia já uma torre com estrutura de farol
  • 1751 - Farol a funcionar a azeite
  • 1755 - Torre destruída pelo terramoto
  • 1758 - Ordem do Marquês de Pombal de construção do farol
  • 1775 - Entrada em funcionamento da torre actual

                              Farol do Bugio, em 1775 …                                                     … e actualmente 

  

Selo dos CTT, 2008

O Rei D. Sebastião já teria sonhado com uma defesa da barra de Lisboa no areal a meio do Tejo. O sonho foi-lhe inspirado por Francisco d’Holanda que em “Da Fábrica que Falece à Cidade de Lisboa”, advoga a sua construção: « (…) ou se possível for havendo pedra, ou fundamento seguro, podia-se fazer este baluarte no meio da Cabeça Seca onde rebenta o mar dos Cachopos que responde mais fronteiro a São Gião o qual podendo ser seria cousa fortíssima em que muito ajudaria a barra de Lisboa de todo o perigo».

É também no ano de 1775 que entra em funcionamento o farol do Forte do Outão, inserido na fortaleza de Santiago do Outão ( desde 1900 o ‘Sanatório Marítimo do Outão’ ) na margem direita do rio Sado em Setúbal.

Posição:
Latitude, 38º 29,2’ norte
Longitude: 008º 56’ oeste

Altura da torre: 11 metros
Altitude: 34 m
Alcance luminoso: 12 milhas
Luz: Vermelha - quatro segundos ligada e dois segundos desligada

Farol do Outão (1775)

1890

 

«Nos varandins do farol levanto os braços: domino a torre e o mar, topeto quase os despenhadeiros do farol velho, e as gaivotas crucitam, saveiros á pesca, Tróia fronteira, o mar sem fim, azul no rio, e lá nos confins do céu crispando brasa …».   Fialho de Almeida

Farol do Cabo Espichel (1790)

Há notícias que em 1430 a irmandade de Nossa Senhora do Cabo Espichel tenha instalado um farolim predecessor do actual farol. A torre actual foi inaugurada em 1790, em 1865 era alimentado por azeite, mudando de combustível em 1886, quando a sua luz passou a ser alimentada por incandescência de vapor de petróleo e, muito mais tarde em 1926 por electricidade.
 
Em 1883 este farol tinha instalado um aparelho iluminante chamado de primeira ordem que emitia luz em grupos de quatro clarões brancos, em vez do antigo sistema de luz fixa. Com este novo sistema passou a ter um alcance luminoso de vinte e oito milhas náuticas (quarenta e cinco quilómetros). A estrutura de apoio ao farol foi aumentada para os lados por volta de 1900.

Em 1947 entrou numa nova era no que diz respeito à iluminação. Foi montado um aparelho óptico aero-marítimo, que já tinha estado ao serviço do farol do Cabo da Roca. Esta nova óptica dióptica - catadióptica chamada de quarta ordem, um modelo de grandes dimensões, apresenta trinta centímetros de distância focal, produzindo lampejos simples, agora com um alcance luminoso de quarenta e duas milhas náuticas (cerca de sessenta e sete quilômetros).

Selo dos CTT, 2008

«O farol lá estava, grande, sólido,bonito mesmo! Ficava no meio de um de um terreiro, que tinha um muro de pedra em volta e um portão de ferro. (…). O faroleiro também era bastante diferente do que tinham imaginado. Era um homem ainda novo, não muito alto, nem muito baixo. Tinha duas rugas fundas junto aos olhos, duas rugas que pareciam dois riscos na pele queimada pelo sol (…). Vestia um fato-macaco de ganga azul e parecia contente de os ver ali.»   Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada in: “Uma Aventura na Falésia”

fotos  antigas e litografias in: Biblioteca Nacional Digital, Prof 2000

Infografias de Carlos Esteves e Jaime Figueiredo in: Expresso

Citações in: Livro  “Faróis de Portugal” de João Francisco Vilhena e Maria Regina Louro”  -  Gradiva - 1995

Continuação da história dos Faróis Portugueses, na próxima semana no post  intitulado “Faróis Portugueses … (2)”  na etiqueta “Faróis”

26 de agosto de 2011

Banco do Minho

O ‘Banco do Minho’ (BM) foi instituído por carta de lei de 14 de Abril de 1864, com sede em Braga, e iniciou a sua actividade em Junho de 1865. O capital inicial foi de 600 contos de réis, elevado a 1200 contos de réis em 1918. O Banco do Minho nasceu na época do boom das remessas financeiras dos emigrantes no Brasil.

Sedeado inicialmente na R. de S. João, 15, em Braga, passou a ter sede própria, construída entre 1873 e 1877, na Rua do Teatro São Geraldo daquela cidade. Possuiu uma agência em Guimarães e filiais no Porto e em Lisboa.

            Sede do Banco do Minho, em Braga                            Teatro de São Geraldo e Banco do Minho

  

Sucursal em Lisboa

    

Sucursal no Porto, na Av. dos Aliados, no projecto de 1918

O ‘Banco do Minho’ viria a ter filiais também no Brasil, nos estados de S. Paulo, Rio de Janeiro,Santos, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Pará e Manaus, sendo a mais importante a de S.Paulo.

                                   Anúncio de 1902                                                                       Anúncio de 1915

                            

Sobreviveu às crises do sector ocorridas no final do séc. XIX, aceitou à priori uma proposta de fusão com o ‘Banco Comercial de Braga’, do qual era credor, negócio que não se viria a concretizar, tendo aquele banco falido pouco depois.

Cheque do século XX

A partir de 1918, desenvolve uma estratégia de participação em empresas industriais, comerciais e financeiras. Entre as empresas não financeiras contam-se a ‘Companhia Fabril do Minho’, a ‘Companhia das Águas do Gerês’, a ‘Companhia Metalúrgica do Norte’ e a ‘Perfumaria Confiança’. Foi accionista maioritário da Sociedade Bancária do Minho, criada em 24 de Maio de 1924, em S. Paulo, no Brasil, destinada a servir de agência local do banco e a ter actividade própria. Apesar de um início de actividade promissor, a situação financeira desta sociedade derrapou e acabou por ser liquidada em 1927.

Agência em S. Paulo, no Brasil

fotos in: Hemeroteca Digital, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

Podia-se ler num artigo de 1925: « (...) dedicando-se a operações bancárias de todo o género, cambiais e de ordens de Bolsa, possuindo na sede e nas filiais óptimas instalações de cofres fortes para alugar. O seu agente geral no Brasil a "Sociedade Bancária do Minho", na Rua da Quitanda, 117, e seus correspondentes em S. Paulo, os nossos prezados amigos Srs. Garcia da Silva & Cª., proprietários da "Loja do Japão", à Rua de S. Bento, tendo naquele grande país montado um serviço especial de cobrança de juros e dividendos, administração de propriedades, liquidação de heranças, etc

O ‘Banco do Minho’ juntamente com o ‘Banco Comercial do Porto’, ‘Banco Aliança’, ‘Banco Comercial de Braga’ e o ‘Banco União do Porto’, consegue autorização para emitir notas bancárias

Cédula de 2 Centavos

 

fotos in: Colecções Senador

Em 1926, algumas das empresas em que o ‘Banco do Minho’ tinha participação apresentam prejuízos e em 1927 os dividendos desta instituição são bastante reduzidos. A situação económica e financeira agravou-se nos anos seguintes. O ‘Banco do Minho’ não resiste à Grande Depressão de 1929 nos EUA, a par do ‘Banco Comercial do Porto’, ambos vítimas de uma corrida aos depósitos e da sua incapacidade de cobertura.

Em 21 de Outubro de 1930 é nomeada uma Comissão Administrativa para gerir o ‘Banco do Minho’. Na sequência do relatório desta comissão, datado de 14 de Abril de 1931, é decretada a liquidação do banco. A Comissão Liquidatária nomeada pelo Estado encerrou actividades em 31 de Dezembro de 1939. O ‘Banco do Minho’, durante a sua vida de 64 anos, que chegou a ser dos bancos mais importantes do país, contribuiu para fomentar e desenvolver o comércio, a indústria e a região. O seu encerramento, por colapso financeiro, acarretou prejuízos cuja dimensão verdadeira continua por estudar.

25 de agosto de 2011

Primeiros Aeroplanos em Portugal

A primeira experiência de aviação e primeira tentativa de voo em Portugal, teve lugar no antigo Hipódromo de Belém, a 27 de Outubro de 1909 pelo piloto francês Armand Zipfel, pilotando um aeroplano “Voisin Antoinette” de 40 CV.

                                                      Apresentação do "Voisin Antoinette”

                                      

                                                                        Armand Zipfel

                                       

                                                                            A tentativa …

                                               

A experiência foi deste modo relatada:  «(...) Não foi das mais felizes a primeira experiencia de aviação realisada no nosso paíz. O apparelho depois de deslizar suavemente pelo solo, uns 30 metros, elevou-se até 10 metros de altura, n'uma distancia total de 300 approximadamente, para afinal,ou por causa do vento ou em virtude de falsa manobra do aviador, cahir no solo, partindo-se-lhe varias peças e salvando-se Zipfel, por milagre. Foi annunciada a segunda experiencia que o vento não deixou realizar.»

Em 11 de Dezembro de 1909, o inventor português João Gouveia, que fabricava papagaios voadores desde 1907, apresentou à Academia de Ciências o seu projecto de avião "Gouveia" com 9 metros de envergadura equipado com um motor "Anzani" de 26 cv. Constrói um hangar, no Seixal em 1911, onde montou o avião e fez experiências, tendo acabado por abandonar o projecto, devido a avarias e falta de meios financeiros.

                                                       João Gouveia e seu aeroplano “Gouveia”

                           

A “Creche O Comércio do Porto”, fundada pelo jornal “O Comércio do Porto”, comprou em Agosto de 1912, em Paris o primeiro aeroplano de Portugal. Foi adquirido e escolhido pelo Dr. Cisneiros Ferreira correspondente deste jornal em Paris.

Tratava-se do biplano, o "Farman-Maurice’", com 15 metros de envergadura, equipado com um motor Renault de 70 cv., atingindo a velocidade de 80 quilómetros por hora. Podia transportar carga útil até 300 quilos. Este modelo era o mesmo que estava a ser utilizado pelo exército italiano na guerra da Turquia.

                                                              Biplano “Farman-Maurice”

                                

Chegado á cidade do Porto foi exposto no Palácio de Cristal. O produto recolhido pelos seus voos no Porto e em Lisboa, reverteram a favor do fundo da “Creche O Comércio do Porto”. Esta creche acolhia os filhos das mulheres que trabalhavam na faina no Rio Douro.

                                                    O “Farman-Maurice” no Palácio de Cristal

                                  


Os voos seriam realizados por Leopold Trescartes, Paulham e Garros. Primeiro voo na cidade do Porto, foi no campo do Castelo do Queijo ao qual assistiram mais de 60.000 pessoas. O aviador Leopold Trescartes, realizou dois voos. No primeiro voo o aviador foi só, mas no segundo foi acompanhado por Luís Marques Merino, elevando-se o aparelho a  uns 300 metros de altitude, pairando no ar um quarto de hora, fazendo várias evoluções sobre a cidade do Porto, Foz e Matosinhos.

                                               Voo no Porto, no campo do Castelo do Queijo

                                                    

Depois de transportado de comboio até à cidade de Lisboa realizou no Hipódromo de Belém o seu voo, no dia 27 de Setembro de 1912. Este voo durou apenas sete minutos devido ao forte vento que se fazia sentir.

                                                              Voo no Hipódromo de Belém

                                   

Lembro que o primeiro português a obter o brevet de piloto aviador em 26 de Dezembro de 1912, foi D. Luiz de Noronha, que fez o curso de engenheiro aviador militar em Chalons, França. Para tal frequentou as melhores escolas de aviação de França e trabalhou nas melhores fabricas de aeroplanos a fim de ganhar experiência.

                                                 Engenheiro aviador militar D. Luiz de Noronha

                                   

Também Alberto Sanches Castro, frequentou um curo de piloyto aviador em França mas desistiu por razões económicas. Mas foi este português que em 10 de Setembro de 1912, efectuou o primeiro voo português em aeroplano com motor, num monoplano "Antoinette" equipado com um ‘Antoinette Vee-8’, com 50 cv, no Mouchão da Póvoa numa pista de 1.200 metros de extensão.

                                                                   Alberto Sanches de Castro

                                                 

                                                                     Monoplano “Antoinette”

                                    

A "Revista Aeronáutica" descrevia o feito no seguinte texto: «os voos realizados foram quatro, todos em linha recta, sem viragens, sendo dois no sentido leste-oeste, e dois em sentido contrário. A maior distância de voo foi de 450 metros, percorrida em 30 segundos, e a maior altura obtida foi de 5 metros».

Em 28 de Setembro de 1912 chega a Lisboa o monoplano "Deperdussin" tipo B que por intermédio do jornal “O Século” tinha sido oferecido ao governo português pelo coronel brasileiro Albino da Costa como prova do não esquecimento das suas origens lusitanas (Cedrim, Server do Vouga). 

                                     

Este monoplano com 8,5 metros de envergadura, estava equipado com um motor "Gnome’"de 80 CV, que lhe permitia atingir uma velocidade máxima de 170 km/h. Em 10 de Março de 1911 bateu o record do mundo em velocidade, de Busson a Reims; em Maio no raid Paris-Roma o aviador Viard fez o percurso no mesmo aparelho e em junho ganhou os longos percursos de Paris-Liége, 320 quilómetros e Calais-Paris 250 quilómetros.

                                                              Monoplano “Deperdussin”, tipo B

                                     

fotos e excertos de alguns textos in: Hemeroteca Digital

Este biplano em Junho de 1913 foi integrado na "Companhia de Aerosteiros", tendo em Janeiro de 1916 sido entregue à "Escola de Aeronáutica Militar" de Vila Nova da Rainha

E em Lisboa a 8 de Outubro de 1912  era desembarcado o biplano "Avro 500"  com a designação de “República”, adquirido em Inglaterra, por 900 libras numa subscrição aberta pelo directório do Partido Republicano e destinado ao exército « (…) o qual se tem elevado com êxito do aeródromo de Belém e pairado sobre a cidade. No seu primeiro voo conduziu o senador sr. José Nunes da Mata n’uma larga travessia.».

                                                                           Biplano “Avro” 500

                               

Este biplano tinha 9 metros de envergadura e estava equipado com um motor "Gnome" de 5o cv, que permitia atingir uma velocidade máxima de 98 km/h. Aliás foi este tipo de avião o primeiro a exceder a velocidade de 100 milhas (cerca de 160 km/h).

                                                                    O “República” levantando voo

                                 

                                                             Amaragem do “República” no rio Tejo

                                          
                                         Foto in: Ex-Ogma

« (…) A 17 de  Outubro querendo o aviador fazer uma prova de resistência, que realizou n'um voo esplendido até Aldegalega, Mouchão da Póvoa e Alcochete, passando sempre sobreo o Tejo, na companhia do sr. Marques da Costa, o motor sofreu uma «panne», sendo obrigado a fazer uma descida precipitada, que o habil piloto conseguiu com o maior sangue frio, por «étapes», até que baixou próximo da Torre de Belem, na água, a uns quarenta metros da praia, vindo para terra em botes os tripulantes do "Republica", que nem sequer se molharam.»